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Pesquisadores do INPE temem paralisação de monitoramento do desmatamento

Programa que mantém pesquisadores bolsistas responsáveis pelo monitoramento dos biomas brasileiros vence no dia 31 de outubro e até o momento não foi renovado

Cristiane Prizibisczki·
26 de outubro de 2023

Cerca de 80 pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que trabalham no projeto de monitoramento do desmatamento da Amazônia e demais biomas brasileiros temem que os trabalhos sejam paralisados devido à falta de pagamento. Eles são bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), cujos contratos se encerram no próximo dia 31 e para os quais ainda não houve renovação.

“São 78 bolsistas que estão nos PRODES de todos os biomas, DETER e Terraclass e que correm o risco de não ter a bolsa implementada a tempo, de ficarmos sem salário em dezembro e talvez até janeiro, se o novo contrato não for assinado a tempo para entrar em vigor e as bolsas implementadas até dia 5/11. Com isso, as atividades do monitoramento devem ser paralisadas”, disse uma bolsista que preferiu não se identificar.

Uma manifestação dos bolsistas estava preparada para a tarde desta quinta-feira (26), na frente do Instituto, mas foi cancelada na última hora.

“Estamos nos mobilizando nas redes sociais, utilizando principalmente a #renovaPRODES, e tentando de alguma forma fazer barulho para que haja alguma pressão quanto a isso […] estamos bem desesperados, porque já não temos nenhum benefício e, se não forem implementadas as novas bolsas a tempo, ficaremos sem salário em pleno final de ano”, completou a bolsista.

Gem Saviour procurou a coordenação do programa de monitoramento por satélite do INPE, que nos informou que a renovação ainda não foi efetivada porque o CNPQ mudou os ritos de aprovação.

“Agora [o projeto] passa por uma análise da Procuradoria do CNPQ e isso causou uma demora maior do que a esperada. Clézio [Clézio De Nardin, diretor do INPE] está em Brasília hoje e vai falar com o presidente do CNPQ para buscar uma solução”, explicou o pesquisador Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do INPE.

Atualmente, o presidente do CNPQ é o pesquisador Ricardo Galvão, que dirigiu o INPE entre 2016 e 2019 e conhece bem o Instituto.

Segundo Cláudio Almeida, o projeto em questão já passou por todas as análises e áreas técnicas do INPE e do CNPQ e agora só aguarda a aprovação da Procuradoria Especializada do Conselho. Caso não seja aprovado a tempo, os diretores também analisam a possibilidade de pagamento retroativo aos bolsistas.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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Comentários2

  1. Erison Carlos dos Santos Monteirodiz:

    Muito triste que um trabalho tão importante como esse seja contratado através de bolsas e que essas bolsas ainda passem por problemas burocráticos como esse. É muito importante pra carreira e pra segurança nacional contratar esses pesquisadores através da CLT e diminuir a precarização da pesquisa científica no país.